sábado, 23 de abril de 2016



DEMON – NIGHT OF THE DEMON

Existem algumas atitudes alheias que me desanimam. Minha paciência, que a cada ano fica menor, não aguenta mais determinadas posturas, embora eu me cale a respeito porque, afinal, o que cada um opta por escutar ou não escutar não é da minha conta.
Mas, na minha avaliação pessoal, eu entendo que não existe estilo ou corrente musical que seja ruim por definição. E nem boa, diga-se. New (ou Nü, sei lá) Metal não é necessariamente ruim tanto quanto Metal Tradicional não é necessariamente bom.
Talvez eu leve pedradas por isso, mas – e é aqui que eu queria chegar – não é só porque algo é feito sob a sombra das letrinhas NWOBHM que isso vai ser bom, clássico, histórico ou essencial. Não. A NWOBHM foi um momento único, fantástico, que formatou praticamente tudo o que veio depois em termos de heavy metal, mas daí a dizer que todas, absolutamente t-o-d-a-s, as bandas que fizeram parte daquele período são dignas de serem ouvidas ou sequer lembradas, vai um longo caminho.
E pior, quando o assunto é aquele movimento, apenas uma minoria vai citar bandas que não sejam Iron Maiden, Def Leppard ou Saxon, sendo que apenas esta última manteve traços da sonoridade que os revelou. Felizmente, bandas como Grim Reaper, Tygers of Pan Tang, Tank ou Diamond Head são esporadicamente lembrados ou mencionados, mas pouco se recorda de bandas como Raven, Praying Mantis ou Demon, que geralmente demandam uma busca mais profunda dentro da memória da maioria. E não merecem isso. Qual seria a relação dos brasileiros com o Demon se os seus dois primeiros discos não tivessem sido lançados aqui em vinil nos anos 80? Mesmo nossas mais consagradas revistas especializadas não davam muita pauta para o grupo naquele tempo e o fato da banda não ter alcançado o mesmo nível de consagração mundial que aquelas outras obtiveram deixaram-nos na situação de respeito dentro da cena doméstica de sua Inglaterra natal, mas sem atravessar demais as fronteiras europeias.
Fato lamentávl, sem dúvida, mas que não esmoreceu o conjunto, que persiste em atividade até nossos dias, tendo apenas o vocalista Dave Hill como membro permanente. Em sua primeira fase, porém, ele teve o apoio do guitarrista Mal Spooner nas composições e, juntos, criaram canções que mesclavam o metal britânico com uma pegada hard muito evidente, resultando em faixas cativantes com refrões marcantes. Não pense que a dita pegada hard os levou para um caminho similar aquele que foi percorrido pelo Def Leppard. Não foi. O hard que predomina nas composições do Demon tem toda a caracterização inglesa, bem longe de qualquer tentativa de se adaptar para abocanhar fatias de mercado americano. As duas primeiras faixas do álbum, Night of the Demon e Into the Nightmare deixam isso bem evidente, através de melodias carregadas de carisma, que fazem com que a pessoa se sinta naturalmente impelida a cantar junto sem que o frontman tenha que ficar pedindo por isso. Como também não poderia deixar de ser, o onipresente espírito do Judas Priest se mostra bem claro, principalmente na última música do disco, que poderia estar em qualquer dos trabalhos da lenda inglesa.
Night of the Demon, com sua brilhante capa, não é um disco que define o estilo, mas o representa com todos os méritos. Foi lançado há 35 anos e sempre será um prazer fazer a sua audição. A NWOBHM está dignificada aqui.

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