sábado, 16 de abril de 2016



AT WAR – ORDERED TO KILL

Uma breve narrativa para exemplificar o que é o At War: Motorhead e Venom tiveram um filho juntos, e o bebê nasceu nos Estados Unidos. Pronto.
A partir daí, creio que qualquer pessoa possa fazer sua imagem mental de como essa banda soa. Mas não se prenda ao conceito, porque se o grupo fosse apenas uma imitação de um ou outro dos conjuntos ingleses, eu não me daria ao trabalho de escrever sobre eles. Tem que haver o elemento personal e ele existe aqui. As influências são bem claras, mas a banda agrega seus próprios maneirismos e é, por isso, lembrada por mim até hoje.
Essas associações não são gratuitas, afinal, todos esses conjuntos – e aqui poderíamos também incluir o Sodom - são trios, que fazem música pesada com bastante contundência e tem como figura de frente um baixista e vocalista de aspecto intimidador, sendo tal posto ocupado por Paul Arnold, no caso do At War. A presença do cover de The Hammer não influi nessa comparação, embora a reforce. O At War detem o invejável privilégio de ter lançado dois álbuns impecáveis em sua curta carreira, ter retornado com a mesma formação depois de mais de vinte anos, e concebido mais um disco, igualmente impecável, soando tão bom e relevante quanto o foi em sua origem. Isso é prova de convicção, de quem sabe o que está fazendo e tem objetivos bem traçados e definidos.
Ninguém vai encontrar arranjos mais elaborados aqui. Intros melódicas, dedilhados ou coisas do tipo. A graça do At War está em seu thrash absolutamente cru e direto, amparado pelos temas bélicos que o Sodom só iria assumir como mote bem mais à frente no tempo. Solos são apenas pequenos trechos colocados no intervalo entre os riffs e todo o conjunto parece carregar nos timbres mais graves, reforçando o peso de forma absoluta. O primeiro grande clássico de seu repertório é a faixa título, que inicia o álbum de forma tão contundente que parece que ela está lhe prendendo imobilizado no chão, com o pé em cima de seu pescoço. A mesma impressão é passada também pelas faixas Eat Lead e, principalmente, pela excelente Rapechase. Essa última faixa é a síntese de como o metal deve ser, de como ele deve impactar o ouvinte. É como um esqueleto ao redor do qual ossos e pele se desenvolvem. Rapechase é, portanto, uma música básica, bem exemplificativa do tipo de estrutura padrão a partir da qual podem-se inserir as mais variadas idéias de arranjo e personalizar infinitos modos de tocar metal extremo.
Essas três são os grandes destaques do disco, mas as demais músicas, como Ilsa (She Wolf of the SS), Mortally Wounded, Dawn of Death e Capitulation também merecem menção. Esse disco pode não aparecer nas listas de melhores de todos os tempos, mas merece ser conhecido e estar presente na coleção de qualquer um. Ele é um perfeito exemplar de thrash metal, de um modo que não se faz mais, ou, salvo poucas exceções, quando se tenta replicar soa estranho e datado. Os artigos genuínos estão isentos dessa definição. Nunca soam datados.
Soam históricos.

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