sábado, 12 de março de 2016



QUIET RIOT – CONDITION CRITICAL

No tempo em que tudo que você ouvia tinha que ser true, thrash, black, sombrio, maligno e muito agressivo, haviam apenas duas bandas do então chamado false metal que eu curtia e acompanhava: Motley Crue e Quiet Riot. Hoje, eu aprecio vários grupos que eram objeto daquela infame e datada nomenclatura, como Ratt e Doken, e, sendo muito sincero, ainda guardo algumas restrições por outros, como Keel, por exemplo, mas aqueles dois sempre me despertaram uma parcela de atenção e, por muito tempo, o Quiet Riot recebeu de mim uma admiração especial.
Eu não tenho certeza se o meu primeiro contato foi com o video clip na TV ou se foi com o disco na prateleira da loja. É bem provável que tenha sido a primeira opção, pois o vídeo passava direto em nossas opções de programa pré-MTV e, sendo o caso, quando o álbum foi lançado por aqui, eu já sabia do que se tratava. Eu ainda sequer imaginava que existiam bandas chamadas Slayer, Metallica, Exciter, Venom e afins. Talvez se as conhecesse primeiro, o Quiet Riot teria passado despercebido por mim. Mas era um tempo mais puro, de paulatino descobrimento de bandas pesadas, e por isso a banda nunca saiu de minha memória afetiva.
Para quem não acompanhou o Quiet Riot em seu período de maior popularidade, que correspondeu à época de lançamento de seus dois primeiros álbuns, o grupo é mais lembrado por ter revelado a figura do guitarrista Randy Rhoads. Convenhamos que essa é, de fato, uma sombra enorme lançada sobre a carreira de quem quer que seja, mas sua época com o guitarrista Carlos Cavazo tem méritos próprios e também merece o devido reconhecimento pelo que fez. Se há uma crítica que eu possa registrar, seria pela idéia da banda em incluir um segundo cover do Slade nesse álbum. O cover de Cum On Feel The Noize no primeiro disco foi um dos pontos que alavancou as vendagens do trabalho. É claro que a banda teria liberdade pra inserir, caso quisesse, o cover que entendesse melhor no seu segundo disco, mas um segundo cover da mesma banda do primeiro disco? E na mesma posição da sequência das faixas? Aí, infelizmente, soa como oportunismo descarado...

Mas o disco tem méritos próprios, que vão muito além das estratégias mercadológicas. A capa, muito bem desenhada, traz em seu interior músicas bem carismáticas, que refletem bem o talento de todos os envolvidos, como o são caras como Frankie Banali e Kevin DuBrow, além, naturalmente, do baixista Rudy Sarzo, que já trazia o background de trabalhos relevantes anteriores. Faixas como Sign of the Times, Party All Night, Stomp Your Hands Clap Your Feet, We Were Born to Rock e a balada Winners Take All são o reflexo de um tempo que hoje parece estar muito mais distante no tempo do que realmente é. Não faltam tentativas de reproduzir aquela pegada, aqueles timbres, e tudo o mais que remete a época do apogeu do hard rock americano. Sinceramente, nem deveriam tentar. O Quiet Riot teve o seu momento porque eram aqueles caras, naquele período. Quem viveu, viveu. Quem não viveu, pode desfrutar desse longo e maravilhoso acervo que nos foi legado.

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