sábado, 13 de fevereiro de 2016



SMASHING PUMPKINS - GISH

Um grande amigo meu, fanático por Iron Maiden e uma das pessoas mais inteligentes com as quais eu já convivi, me apresentou esse disco. O estranhamento de ver o nome do Iron Maiden dentro de um texto sobre o Smashing Pumpkins é bem próximo do sentimento que eu tive quando recebi o cd para escutar. A típica má-vontade inicial de ter que dedicar tempo e atenção a algo que não fosse metal.
De sorte, eu nunca me furtei a esse tipo de tarefa e, graças a isso, pude conhecer muitas coisas interessantes e, naturalmente,  outras que nem me importo em tentar lembrar. O Smashing Pumpkins está no primeiro grupo e a sua fase inicial, envolvendo esse primeiro album e os subsequentes Siamese Dream e Mellon Collie and Infinite Sadness, estão entre os melhores trabalhos lançados nos confusos anos noventa. Essa é a fase em que a banda era realmente uma banda. O que veio depois deixou claro que o grupo tornou-se o projeto solo de Billy Corgan e apesar de um ou outro pequeno equívoco de trajetória, ainda apresenta saldo positivo em momentos de qualidade. Sua musicalidade atual poderia ser inserida, em uma classificação pessoal, como uma espécie de rock progressivo moderno, ou, numa linguagem mais atual, um pós-progressivo, fazendo par com alguns outros grupos inclassificáveis por natureza, tal qual Tool ou Neurosis…
Gish, por sua vez, soa como geralmente soam os discos de estréia, bem fluidos, com bastante frescor e criatividade. Rhinoceros, por exemplo, é uma faixa belíssima e que tem o curioso poder de diminuir o meu metabolismo. Eu reduzo a velocidade corporea e esvazio a cabeça de pensamentos para poder mergulhar no clima dessa canção. Sensação diversa da que é gerada pelas duas músicas que abrem o disco, I Am One e Siva, mais dinâmicas.
A preguiça mental típica da imprensa é a responsável por associar o Smashing Pumpkins com as bandas de Seattle que explodiram na mesma época. Nada mais errôneo, até pelo fato das influências serem distintas para as duas situações. No caso da banda de Chicago, havia mais traços de psicodelia e de bandas inglesas da cena que gerou o Cure ou o Echo and the Bunnymen, com o diferencial de que nos Pumpkins a distorção de guitarra era mais evidente. Se Billy Corgan merece algum crédito, seria pelo fato de que soube dosar todos os elementos que lhe influenciaram e conseguir gerar um som próprio. O Smashing Pumpkins soa absolutamente único.

Crush, Suffer e Tristessa são da mesma natureza de Rhinoceros, representando a faceta mais melódica e melancólica da banda, fazendo um contraste suave com o lado mais noise, já que, mesmo quando ataca com mais força, como em Bury Me, o Smashing ainda continua soando melódico e melancólico. O som deles mudou aos poucos ao longo do tempo, como eu já disse, mas ainda me instiga a continuar acompanhando sua carreira, porque mudou paulatinamente para algo mais profundo, mais denso, afastando-se de formulas fáceis ou outros artifícios simplórios. Billy Corgan já ameaçou um encerramento de atividades e voltou atrás. Enquanto ainda tiver algo a dizer que continue a se pronunciar. Eu estou interessado em escutar.

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