sábado, 17 de outubro de 2015



VOIVOD - DIMENSION HATROSS

A água do Canadá é especial! Não conheço nenhuma banda ruim que tenha vindo de lá: Anvil,  Exciter, Rush, Slaughter, Triumph, Annihilator, Razor… São tantas e, cada uma, com suas características bem definidas, mas uma em especial se destacou pela sonoridade única e desafiadora: Voivod!
Tendo começado sua carreira lançando discos impecávelmente brutais, onde predominava um thrash metal extremamente sujo, com evidente influência do Venom, o Voivod avançou aos poucos para um som que - com mais propriedade do que muitas outras bandas do mercado - pode ser definido como progressive metal. Sim, porque poucos mesclaram tanto as influências de King Crimson e Van der Graaf Generator com o mais puro thrash metal, e as bandas que o fazem hoje, tal qual Tool e Messhugah, são aquelas que já foram influenciadas pelos canadenses. O experimentalismo das composições do grupo marcou-o como um combo a frente de seu tempo e, portanto, muitas vezes incompreendido ou mesmo deixado de lado por quem prefira composições mais retas. A música do Voivod se desenvolve através de inúmeras passagens instrumentais e riffs intrincados, marcados pelo acordes dissonantes do saudoso guitarrista Piggy, fazendo a base perfeita para o mundo de ficção científica explorado nas letras das canções. A temática lírica do grupo navega em um mundo futurista, bem distante, porém, da assepsia de paredes brancas de um filme como 2001, e mais próximo da barbárie pós-apocalíptica de um Mad Max, com máquinas gigantes colidindo.
Não seria possível, para mim, falar sobre as músicas do disco sem correr o risco de cometer alguns erros, por conta da complexidade de seu thrash cerebral, que faz com que se alterne momentos de headbanging com espaços para contemplação dos elaborados arranjos. Dá mesma forma, seria injusto apontar destaques em um trabalho tão nivelado. A minha única ressalva seria para a ordem de sequência das faixas, onde eu creio que a clássica Tribal Convictions deveria ocupar a posição de música de abertura. Seu início transmite um clima de tensão, de uma ameaça se aproximando e que seria mais apropriado para abrir o disco.
Ao contrário de diversas bandas que conseguem gravar músicas com pegadas bem distintas em seus discos, e fazem isso com muita competência, o Voivod tem um trabalho que soa bastante regular, com variações e idéias diversas, mas sem sair de seu próprio universo musical. Daí a consistência que faixas como Technocratic Manipulators, Microsolutions to Megaproblems e Psychic Vaccum tem. Ao contemplarmos a estrutura sonora que a banda constrói, seria injusto deixar de mencionar aquele que eu considero ser o outro grande pilar do que o Voivod se tornou, junto com Piggy, que seria o injustiçado baterista Away, não apenas um músico talentoso, como também um excelente artista gráfico, responsável pela identidade visual da banda, em todas as suas capas de discos e demais ilustrações dos encartes.

A ameaça do Voivod se consolidou e se tonou lendária dentro da música underground, alcançando aquele patamar onde não soam como nada que não seja Voivod e, sintomaticamente, onde nenhuma outra banda soa como eles. São únicos, e hoje, apesar da perda de um membro-chave, mereceram o direito de prosseguir fazendo sua música, pois, quando pararem, não haverá nenhum substituto a altura do serviço.

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