LED ZEPPELIN - HOUSES OF THE HOLY
Qualquer coisa que eu escreva aqui será uma bobagem redundante, pois
essa banda já foi estudada e esmiuçada com muita precisão ao longo do tempo. E
o que eu poderia trazer de novo sobre o Led Zeppelin ou sobre seu álbum Houses
of the Holy? Nada, eu creio, mas essa nunca foi minha intenção. Fico feliz em
poder simplesmente dizer algo sobre o que esse ou aquele disco significou – e
significa – para mim.
Há algo de sobrenatural na existência do Led Zeppelin… Formações como
essa, como o Black Sabbath ou o Who foram reunidas por algo mais do que o mero
acaso e, se magia - aquela magia que era objeto de estudo de Jimmy Page - for
um conceito concreto, ele está presente em nosso mundo, materializado nesses
círculos negros conhecidos como discos.
Minha afeição por este álbum é acrescida pela lembrança de que este foi
o primeiro cd que eu comprei, mesmo antes de ter um cd-player. Não foi algo
aleatório, foi planejado mesmo: “Houses of the Holy vai ser meu primeiro cd”!
Por qual razão? Não sei. Apenas ficou fixada na minha cabeça a idéia de que
tinha que ser assim. Para a maioria, talvez o ápice da discografia do grupo
seja o quarto álbum, que antecedeu esse, mas, na minha predileção, Houses of
the Holy sempre será o primeiro que lembrarei na hora de pegar algo para
escutar.
Não sei se dá pra estabelecer que algo lançado pelo Led Zeppelin não
tenha atingido o nível em que consideramos que um disco pode ser chamado de
clássico, mas é indubitável que clássicos do Led Zeppelin são simultaneamente
clássicos da música popular. Os momentos menos espetaculares da banda são mais
relevantes do que muito do que se fez e ainda se faz. De cara, o disco abre com
The Song Remains the Same, que tem uma das melhores intros de todos os tempos, e
é seguida, em sua dinâmica, pela melodia calma de The Rain Song. A diferença
entre essas duas já exemplifica o que eu aprecio nesse trabalho: nenhuma canção
se parece com a outra, mas todas ressoam a identidade do Led Zeppelin. Embora
seja mais comumente classificado como hard rock, o grupo experimentou diversas
sonoridades, diversas formas de levada ou de solução de arranjo. E é por isso
que encontramos aqui desde canções mais folks, como Over the Hills and Far
Away, até ritmos mais inesperados, como funk em The Crunge e reggae, em D´yer
Mak´er
E é, inclusive, após essa última, que tem o clima ensolarado típico do
estilo, que vem o ponto mais alto, para mim, de todo o disco, e quiçá um dos
pontos mais altos de toda a discografia do grupo: No Quarter! Uma faixa em que
a banda abraça de forma explícita o rock progressivo e, em divergência
sinestésica com a música anterior, transmite frio absoluto, em seu ritmo, em
seus vocais, em seus timbres.
Enfim, um álbum repleto de momentos inclassificáveis de música, mas que
confirmavam a característica do Led Zeppelin em ser assim. A maior banda de
todos os tempos? Não sei e não me importa. Tem e sempre terá um lugar especial
na minha coleção e isso basta.
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