sábado, 10 de outubro de 2015



INFERNAL OVERKILL

É meio complicado falar de Infernal Overkill, sem fazer vínculos com o EP de estréia, principalmente quando consideramos a edição em CD, que unificou os dois trabalhos, mas tanto um quanto o outro tem força individualmente e Infernal Overkill, no caso, tem os méritos de confirmar e ampliar o que Sentence of Death prometia.
Eu tento entender exatamente o que diferencia o thrash americano do alemão. Me parece que o primeiro é um pouco mais técnico, enquanto o segundo é mais bruto, mais sujo. Ambos são thrash e são excelentes, mas a sonoridade das bandas alemãs tinha aquele “quê” de agressividade, de malignitude, que as colocava no centro da gênese dos estilos black e death metal, em um amálgama de influências recíprocas.
No caso do presente disco, que mantém o pé enfiado no acelerador o tempo todo, a brutalidade já dá as caras na primeira faixa. Não tem intro, dedilhado, barulhinho de vento, … nada! Invincible Force já entra escancarando a ânsia de quem está escrevendo os primeiros capítulos de uma nova história, ou, melhor dizendo, de um novo estilo! Velocidade, peso, rifferama, ataque de bumbos, vocais gritados… a música do Destruction casava perfeitamente com seu visual, carregado de balas! Se hoje o Kreator é a maior banda de thrash da Alemanha, deve-se em parte ao intervalo que o Destruction sofreu na carreira, pois certamente poucas bandas possuem um pacote tão completo do que é a experiência do heavy metal.
Tudo o que o Destruction representa pode ser resumido na forma de uma única música: Bestial Invasion. Essa merece um parágrafo só pra ela. A sensação de presenciar a execução dessa faixa, estando na frente do palco, é a de entender que metal é, antes de mais nada, energia. Pode se estar cansado, bêbado, já querendo que o show termine, mas quando ela é tocada, com aquele dedilhado veloz, com a paradinha no refrão, você descobre forças que não sabia ter e bate a cabeça como um alucinado. Sabiamente, ela é reservada para o momento do bis, fazendo com que os shows terminem tão insanos quanto no começo. Bestial Invasion é parte da trinca mais sagrada de canções do Destruction, junto com Mad Butcher e Total Disaster. Outras faixas, como Curse the Gods e Eternal Ban, que surgiriam no futuro, são continuações das idéias que foram apresentadas nessa primeira fase.
Na linha dessas músicas, o outro destaque do disco é Tormentor, de riffs mais secos, não tanto na linha de riffs fraseados típica de Mike, mas que soa excelente do mesmo modo e apresenta um carisma diferenciado de The Ritual, sua antecessora na ordem das músicas do disco, que tem uma levada um pouco diferente, no meio do caminho entre a rapidez e a cadência.
O fato do Destruction ser um trio ajuda a passar a sensação de força compacta, de riffs retos, com notas uníssonas, que não são meramente tocadas, mas sim marteladas nos instrumentos. Três caras, executando uma música que não se caracteriza por grooves, fazem com que qualquer excesso seja excluído em função de um ataque mais contundente.
Os anos seguintes apresentaram bandas que talvez superem o Destruction em peso, agressão e velocidade, mas as experimentações sempre são mais simples, mais fluidas, depois que os pioneiros escreveram os manuais de regras de um estilo e, se você não reconhece a influência desses alemães, então o thrash metal não é para você.

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