sábado, 15 de agosto de 2015



ONSLAUGHT - THE FORCE

Acho incompreensível que essa obra de arte da agressividade quase nunca seja lembrada como um dos melhores discos de thrash metal já feitos. Perfeito, perfeito e absolutamente perfeito, eu o ranquearia entre os dez, cinco, ou até mesmo três melhores trabalhos concebidos nesse estilo. Esse é um daqueles álbuns que eu me lembro exatamente em qual loja comprei, lembro que era de manhã, lembro de tirá-lo de dentro do saco, dentro do ônibus, pra poder olhar a capa e o encarte e, principalmente, lembro de ouvi-lo muitas e muitas vezes, sem cansar, porque até hoje eu ainda não consegui cansar desse disco.
Eu não sei o que houve na Inglaterra que, depois de ter concebido a primeira e segunda geração de bandas de heavy metal, influentes em tudo até hoje, estagnou-se no período pós-NWOBHM. Tá certo que de lá ainda vieram o Skyclad, Anathema, Napalm Death, Benediction, Evile, Paradise Lost, Carcass e Dragonforce, entre alguns outros, mas ainda assim é uma contribuição acanhada considerando as três décadas e meia já passadas após o surgimento de Iron Maiden, Saxon, Venom e um monte de outros nomes mitológicos. Talvez seja realmente algo que tenha que ocorrer, pontualmente e intensamente em cada nação que abrace o estilo e, daí, o bastão foi passado para a América, Alemanha e Suécia, sem deixar de mencionar que o Brasil também teve o seu momento de explosão de surgimento de bandas.
O Onslaught é um dos destaques dessa leva de bandas citada acima e, talvez, se não tivesse tido uma carreira tão errática, trocando de vocalista toda hora, tivesse tido uma melhor sorte na cena. No primeiro disco, o responsável pelas vozes era o baixista Paul Mahoney, provavelmente cumprindo a função enquanto ainda estavam tentando configurar uma formação; no terceiro disco, chamaram o consagrado Steve Grimmett para cantar, mas o estilo do conjunto sofreu alterações no processo. No segundo disco, esse The Force, o vocalista foi Sy Keeler e, com ele, a formação alcançou o status de ser considerada a “clássica”, dentro de sua história. A voz de Sy caiu como se fosse mais um instrumento dentro dos arranjos, agressiva na medida certa, sem exageros, e subindo para agudos esporádicos, acentuando diversas passagens das músicas. Sy está longe de ser um cantor virtuoso e, por isso, se integrou tão bem, já que no Onslaught ninguém é virtuoso. São bons músicos que, juntos, conseguem extrair o melhor possível de suas colaborações.
Sendo portanto esse o álbum mais efetivo da primeira fase da banda, não foi à toa que o retorno deu-se com a presença de Sy, único membro que permanece até o presente, junto com o guitarrista Nige Rockett. Ao abrir o disco, o som da guitarra surge em um riff seco e preciso, que evolui gradativamente em intensidade quando os demais instrumentos aparecem para a execução da faixa Let There Be Death, uma mais do que explícita declaração de inequívoca paixão ao baluarte AC/DC, sendo que essa homenagem acabaria ficando mais escancarada no disco seguinte, mas isso é outra história. Essa música, juntamente com Fight With The Beast e Flame of The Antichrist são os grandes destaques do álbum, bem como o são também de todo o acervo do thrash metal.
Pensando bem, não importa se a Inglaterra já não concebe tantas bandas como o fez no passado. O que importa é que o que sai de lá ainda é relevante e tem qualidade incontestável. As bandas não precisam ficar se preocupando em recriar a roda, mas sim em honrar o legado deixado por aqueles que firmaram os fundamento do heavy metal, e isso o Onslaught faz com grande margem de excelência.

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