sábado, 13 de junho de 2015



MEGADETH - PEACE SELLS

Podem dizer o que quiser, mas a verdade é que Dave Mustaine é, e sempre foi, um dos maiores compositores de heavy metal a pisar no planeta. E se ele é antipático ou sei lá mais o quê que argumentam contra ele, isso não importa. Muito pelo contrário, demonstra o quão relevante ele é. Ninguém gasta vela com defunto ruim. Metallica, Megadeth, Manowar, Dream Theater, Yngwie Malmsteen e alguns outros alvos preferidos de mimimis estão sempre sendo lembrados pelos detratores porque, independente de questões de gosto, são bons no que fazem. E ser bom incomoda alguns. Se fossem insignificantes, passariam em branco pelos debates.
E, como que para reforçar o peso de seu nome, Mustaine tem sua história vinculada a duas das bandas acima. Depois de ajudar a criar a identidade do Metallica, e colocar o nome desta no mapa, saiu pelos motivos que todo mundo já está cansado de ouvir e criou uma segunda banda tão desafiadora quanto a primeira. Ressaltem-se os méritos de que, ao iniciar sua nova empreitada, ele não incorreu no vício de tantos músicos que fazem com que seus novos projetos soem como continuação do que faziam anteriormente. O Megadeth não soa como o Metallica. São duas formas diferentes de executar thrash metal. Eu creio que, embora seja uma irrealidade, pela provável impossibilidade de convívio, o Metallica teria se beneficiado caso Mustaine tivesse permanecido na banda. A sua magnífica criatividade, aliada aos talentos de James Hetfield e Lars Ulrich como compositores, teria levado o Metallica por caminhos que podemos apenas especular. Se, porém, tivesse sido assim, não haveria o Megadeth, e discos fundamentais do estilo nunca teriam sido feitos. Talvez tenha sido melhor dessa forma.
A música do Megadeth, portanto, nasceu da raiva, sentimento esse mais do que adequado para criar um álbum de thrash metal. Essa postura obteve uma tradução singular quando foi submetida à fusão de dois músicos de rock pesado – Mustaine e o seu braço direito, Dave Ellefson – com outros dois artistas de bagagem originada no jazz, Chris Polland e Gar Samuelson, ambos músicos muito acima da média, como precisa ser dito. O quarteto gerou os dois primeiros álbuns da discografia, com resultados mais experimentais no primeiro e mais diretos no segundo. Peace Sells era o tipo de disco que exalava imponência na prateleira, manifesta tanto na capa, quanto no título. Dava vontade de comprar sem ouvir. Dois clássicos indiscutíveis nasceram nesse álbum: Wake up Dead e Peace Sells, tendo a introdução dessa última entrado para o canône de linhas fundamentais de baixo. Mas o disco ainda tem momentos bem velozes com The Conjuring, Devil´s Island, My Last Words e Good Mourning/Black Friday - essa última com uma palhetada extraordinária - e as quebradeiras de Bad Omen e da releitura de I Ain´t Supesrtitious.

Não obstante toda a técnica instrumental, a voz de Mustaine sempre chamou atenção. Minha opinião é de que existe um certo exagero nas críticas. Mustaine não é um cantor. É um vocalista, e isso é bem diferente. O timbre da voz dele acabou por se tornar um dos aspectos caracterísiticos dos arranjos do Megadeth e eu prefiro que seja do jeito que é. Prefiro que haja a diversidade, com Mustaine, King Diamond, Bruce Dickinson, Andi Deris, Rob Halford, Dee Snider, James Hetfield, e tantos outros, soando absolutamente distintos – mas também absolutamente autênticos - do que ter uma linha de produção de barítonos (ou castratis) em uma tediosa série. A voz dele lembra a de um certo pato de desenho animado??? Excelente! Nunca vi aquele pato fugir de uma briga...

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