domingo, 3 de maio de 2015




DEATH - INDIVIDUAL THOUGHT PATTERNS

Algumas bandas, por mais talentosas e representativas que sejam, só são chamadas sob esse nome – bandas – por uma romantização exarcebada do termo. Bandas geralmente tem sua gênese no encontro de três, quatro ou cinco sujeitos que unem suas forças na composição de uma entidade única, que incorpora as individualidade de todos. Nem sempre esse grupo permanece coeso, mas tem casos em que as configurações modificam-se completamente ao longo do tempo, restando por vezes apenas um da composição original, geralmente o mais visionário e/ou determinado e/ou talentoso entre todos. Exemplos não faltam, mas no momento me vem a cabeça grupos como Megadeth, Running Wild e Death, que sofreram transformações ao longo de toda sua trajetória e acabaram por definir-se na pessoa de seus líderes.
Isso, claramente, como demonstram os exemplos acima, nunca diminuiu o trabalho dos artistas. O Death, que é o foco aqui, sempre evoluiu e sempre surprendeu a cada novo álbum, acrescentando, cada vez, mais técnica ao death metal praticado. Em Individual Thought Patterns, Chuck Schuldiner conseguiu reunir um dos mais inconbevíveis dream teams que se possa imaginar. Steve DiGiorgio, Andy LaRocque e Gene Hoglan, tal qual Chuck, são gênios absolutos em suas funções. Não seria de forma alguma possível apontar que um ou outro se destaca em determinada música ou em determinado trecho do disco, porque todos mantem-se em permanente evidência durante cada impecável segundo de música criado por Chuck,  que, não obstante a excelência de seus companheiros, compôs sozinho todas as faixas do disco.
O nível de composição e a técnica, demonstrada pelo Death, nessa fase da carreira, estava, sem qualquer figura de linguagem, bem a frente de seu tempo. Eu vejo, hoje, influências do que o Death fazia surgindo na produção atual de bandas como o Machine Head, que tem recebido bastante atenção pelo que vem executando – e é claro que tem méritos próprios – mas que mostra que bebeu na fonte do que o Death fez quinze anos antes, excluindo, evidentemente, a pegada death metal. Já na primeira música, Overactive Imagination, o álbum se impõe como peça fundamental entre o que de melhor já foi feito na música metálica. A faixa já começa aceleradíssima e, de forma espetacular, consegue aumentar mais a velocidade, antes de dar uma quebrada no andamento para a execução do primeiro solo. A segunda música é a minha composição preferida da banda, In Human Form, que tem um fraseado de guitarras dobradas tão vibrante, e cativante, em sua simplicidade, que é impossível ficar indiferente ao mesmo, tal qual acontece também, com mais melodia, na harmonia dobrada de Nothing is Everything.

O nível do disco é tão alto que eu, em contramão ao consenso geral, não consigo mencionar The Philosopher como uma canção à parte. Essa música ganhou mais destaque pelo fato de ter recebido um vídeo clipe de divuilgação, mas ela é tão grandiosa quanto o restante do disco. A musicalidade do Death, mesmo mantendo a sua personalidade, que refletia a personalidade do próprio Chuck, foi enriquecida pela miríade de músicos que passaram por suas fileiras, que participaram – ou ainda participam – de algumas das melhores bandas de sua época, como King Diamond, Sadus, Testament, Dark Angel, Iced Earth, Cynic, Massacre, Master, Autopsy e Obituary, entre outras. Chuck cumpriu sua missão com louvor e sua obra supera o teste do tempo, mas, infelizmente, por conta de sua ausência, não teremos mais a oportunidade de desfrutar, com antecedência, como vai soar o metal do futuro.

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