domingo, 1 de março de 2015



CANDLEMASS – EPICUS DOOMICUS METALICUS

Heavy Metal significa metal pesado. Por mais que essa afirmação possa ser digna favorita ao prêmio nobel de obviedade, esse é um conceito nem sempre lembrado pelos representantes do estilo.
Metal pesado. PE-SA-DO. Metal, tudo bem, é uma idéia meio abstrata em relação à música. Uma associação feita com o material de que são feitas as motocicletas. Pesado, por outro lado, é um termo preciso, definido. Uma força relacionada a massa e a gravidade, segundo a Física. Na música, é a sensação de esmagamento provocado pelas notas, de uma compressão que lhe força contra o chão, espremendo suas temporas.
Diversas bandas não tem, ou perderam, essa característica. Ainda fazem boa música, claro, mas com peso inexpressivo. Daí, então, deve ter surgido a necessidade do doom metal ter adotado uma nomenclatura própria: para diferenciar a corrente de metal em que o peso está em primeiro plano. Privilegiar o peso acima da velocidade, privilegiar o peso acima da melodia vocal, privilegiar o peso acima até do alcance que a banda pode obter pois, uma música tão densa, tão soturna, não é feita para locais amplos. É feita para pequenos clubes, para locais onde a pressão sonora possa empurrar as paredes.
Epicus Doomicus Metalicus, primeiro álbum da banda sueca Candlemass, é um daqueles discos que já nascem ditando as regras do estilo. A sua devida apreciação necessita que você dedique um tempo específico para ele, para sua audição, por mais fora de moda que isso seja hoje em dia. Se você ouvir esse disco enquanto dirige, ou enquanto lava a louça, pode não atentar para sua profundidade. Apesar de ter apenas seis faixas, essas são razoavelmente longas, fazendo com que o disco tenha, ao seu final, 42 minutos. Mesmo sendo um trabalho anterior aos lançamentos feitos pela formação clássica da banda, com a entrada do lendário Messiah Marcolin no vocal, o album de estréia permanence considerado como sua melhor obra, e esse mérito deve também ser creditado ao trabalho de Johan Lanquist, muito bem encaixado dentro da proposta musical do grupo, interpretando as canções com a dose certa de dramaticidade.
Tendo sido lançado no mesmo ano que viu a chegada de Master of Puppets, Reign in Blood, Pleasure to Kill e Peace Sells, o Candlemass não se furtou de ir na contramão da velocidade e, logo de cara, na primeira faixa, Solitude, já dá suas cartas, impondo a sua lentidão funebre. Não é a toa que o seu fundador, Leif Edling, é baixista, e, portanto, escancarou os graves como força motora da sonoridade do conjunto. Assim é que as músicas seguintes, Demon´s Gate e Crystal Ball, surgem com riffs hipnóticos, exalando desespero e carisma.

Black Stone Wielder começa com mais dinamismo, mas sem se afastar do clima que permeia o album. Quando se chega nesse momento do disco, já deu pra perceber que os solos, quando surgem, são curtos, breves intervenções dentro de cada peça encenada. E é um solo que abre Under the Oak, onde, apesar da diferença na pegada, eu percebo um pouco de influência do Mercyful Fate. A Sorcerer´s Pledge é a última música. Climática, com seu início dedilhado e riff seco, concluindo a audição com a certeza de ter, durante um breve espaço de tempo, desfrutado de um disco diferenciado, cujas faixas transmitem coerência tal qual a sensação de ter “escutado” um filme, uma narrativa tão sombria quanto épica. A palavra doom pode ser traduzida, como destino, fim-do-mundo, ou outros conceitos semelhantes, mas durante esse disco, cuja música soa como um ribombar, doom também é a onomatopéia perfeita para o som que se escuta: doom… Doom… DOOM…

Nenhum comentário:

Postar um comentário