domingo, 11 de janeiro de 2015




TWISTED SISTER - YOU CAN´T STOP ROCK´N´ROLL

Eu não sou saudosista do vinil. Prefiro o som e a praticidade do cd. Mas sou saudosista, e muito, das capas do vinil. O manuseio e a contemplação de capas e encartes é uma experiência  que, pelo menos para mim, consegue por vezes ampliar ou reduzir o prazer da audição das músicas. Em alguns casos, a capa sozinha já ajudava a vender o disco. Como no caso do disco aqui colocado: você via na prateleira a imagem enorme de um TS feito de ferro e o mais que inspirado título “você não pode parar o rock´n´roll”, e a vontade de levar o álbum para casa já era instantânea. Aquele TS transmitia uma idéia de peso tão forte que você sentia que precisaria segurar o disco firmemente, com as duas mãos, para poder sustentá-lo. Felizmente, o conteúdo sonoro que aquele invólucro continha era tão bom que a sua aquisição era quase obrigatória, independente da embalagem.
Under the Blade, primeiro disco da banda, ainda é o meu preferido, mas, quando se trata de Twisted Sister, essas questões de preferência ou de qual disco/música é melhor, são muito tênues. No Twisted Sister, principalmente nos quatro primeiros álbuns, que mantiveram a formação clássica, tudo é nivelado por cima! Esse segundo disco começa bem, com duas músicas midtempo na abertura para, na sequência, dar uma acelerada com Ride to Live, Live to Ride, seguida pelo hino de autoafirmação I Am (I’m Me). Nesta última e em I’ve Had Enough, transparece uma determinada característica da banda que é a execução de solos feitos em cima da melodia da música, reproduzindo a mesma. Algo que nas mãos de muitos poderia ser uma saída simplória, funciona soberbamente quando feita pela dupla de guitarristas Eddie Ojeda e Jay Jay French.
Um dos grandes trunfos do Twisted Sister é que as músicas, todas compostas por Dee Snider, passam bem longe de qualquer postura derrotista ou lamurienta, que é a base da carreira de tantos outros artistas. As letras de Dee geralmente são sobre imposições positivas: eu posso, eu vou, eu quero, eu sou, ou nós podemos, nós vamos, etc. Nada poderia ser mais congruente com a atitude de uma banda que realmente dá o sangue no palco, capitaneada por um artista tão autêntico quanto inteligente e, cujo talento como compositor, salta aos olhos também na diversidade de sua obra, com a criação de canções absolutamente diferentes umas das outras, em termos de condução, mas que não deixam que se perca a identidade da banda no processo. Nesse álbum, as faixas vão desde as mais rápidas como The Power and the Glory, que, antes de acelerar, começa em ritmo compassado, com a marcação do espancador de contrabaixos, Mark Mendoza, até as baladas na linha de You’re not Alone (Suzette´s Song), sendo que, quando se fala em baladas do Twisted Sister, deve se pensar em músicas leves, alegres, longe do clima solene ou demasiadamente romântico que é, por vezes, associado a esse tipo de composição. A referida balada é a penultima faixa do disco e está no ponto intermediário entre a agressividade de I´ll Take You Alive e a palavra de ordem em forma de música: You Can´t Stop Rock´n´Roll. Essa música sabiamente encerra os shows da banda porque, pensando bem, o que tocar depois da catarse coletiva que a mesma provoca. O refrão poderoso onde cada palavra é devidamente, individualmente, pronunciada, acrescenta uma ênfase absurda para a mensagem transmitida. Você – não – pode – parar – o – rock´n´roll.
Ninguém pode parar o rock´n´roll.
Portanto, nem tente, pois não existe objeto inamovível que faça frente a essa força irresistível, mas, se você pensa que pode fazê-lo, fique à vontade. Assuma os seus riscos e diga isso na cara do Dee Snider.
Ou do Mark Mendoza.

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