domingo, 28 de dezembro de 2014

NAPALM DEATH - ENEMY OF MUSIC BUSINESS


Tenho pouca intimidade com grindcore. Não conheço muita coisa do gênero, salvo os medalhões, se é que esse termo pode ser usado aqui. Napalm Death deve ser uma das primeiras bandas que vem à mente de qualquer um, quando se fala no estilo.
Da mesma forma, creio que pelo menos 90% dos fãs vão apontar Scum, From Eslavement to Obliteration, Harmony Corruption ou Utopia Banished como seus discos preferidos. Eu não concordo nem discordo. Não tenho um favorito da banda. Gosto de todos. O Napalm Death não consegue fazer álbuns ruins. Mesmo os polêmicos Inside the Torn Apart e Words from the Exit Wound eu acho ótimos.
Apesar disso, optei por focar aqui o disco que marcou o retorno à sonoridade mais direta da banda, trazendo também, no pacote, a reutilização do antigo logo, que é Enemy of Music Business. Só pelo título genial esse disco já mereceria a posição de destaque.
Quando eu menciono que o Napalm tornou a praticar uma música mais direta, não quero dizer que seja uma música retilínea, sem variação. Muito pelo contrário, pois a música do Napalm vai além de qualquer definição simplória. É barulho? É claro que é! Mas procure escutar o que está por baixo da violência sonora do conjunto. Abstraia-se dos demais instrumentos e preste atenção apenas no trabalho da guitarra. Depois faça isso com a bateria... Você vai perceber que por trás de toda aquela insanidade existem músicos habilidosíssimos e arranjos bem elaborados.
Enemy of Music Business demonstrou qual o caminho que a banda iria seguir a partir de seu lançamento. Começando com Taste the Poison, música de abertura, carregada com a agressividade que se espera do Napalm, segue uma coleção de faixas antológicas como Next on the List e Necessary Evil, incluindo Cure for the Common Complaint, que tem uma levada um pouco mais diferenciada. Mas o que pode ser considerado diferenciado quando se fala de Napalm Death? O rótulo grindcore não exclui nenhum elemento que o grupo queira inserir em sua música e o próprio baixista – e membro mais antigo – Shane Embury, já listou algum tempo atrás,  ao longo de uma entrevista, a influência de bandas tão díspares quanto Death, Smashing Pumpkins, Jane´s Addiction, Helmet, Sonic Youth, Soundgarden, Nine Inch Nails, Killing Joke, Emperor e Voivod. Se for procurer dá pra localizer tudo isso e muito mais, mas tudo adaptado para o grindcore.

Esse foi o derradeiro disco com a formação de quinteto, tendo Jesse Pintado nas guitarras junto com Mitch Harris. Esse último segue conduzindo sozinho as seis cordas do grupo e consegue fazê-lo com extrema competência. Não tem solos mas, também, para quê? Onde eles se encaixariam na sua proposta sonora? Mitch mantém a pegada sem qualquer perda da brutalidade que lhe caracteriza, com tanta potência agressiva que, às vezes, você se sente com se a sua cabeça estivesse dentro de um liquidificador de pedras. E não poderia ser diferemte, afinal Napalm Death não é apenas um conjunto. É uma força da natureza. Sem exageros! Ficar frente às caixas de som durante a execução de faixas como Constitutional Hell deve causar alguma alteração na acomodação dos orgãos internos de um ser humano. É por transmitir sensações assim,emolduradas por letras com crítica política de qualidade, que poucas formações conseguiram o mesmo nível de respeito que esses sujeitos tem dentro do underground. Não gostar é direito de cada um, mas denegrir ou questionar a importância deles??? Até hoje eu não encontrei quem o fizesse.

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